A lenda de Jandaia JANDAIA DO SUL
Há muitos
anos vagava entre os pinheirais uma linda menina de olhos
da cor de pinhão
e seus cabelos balançavam, como fios dourados em
espigas de
milho. Nunca se soube de onde ela veio, apenas que seu pai
era um bravo
cacique, que deveria habitar a imensidão da terra roxa,
colher
frutos silvestres e beber das fontes cristalinas.
Mas,
ansiosa, aguardava o dia em que haveria de surgir um companheiro, que
seria ágil
na caça e forte na guerra., quando ela tomava seu banho numa cascata, olhando
seu reflexo nas águas, Tupã o mensageiro de Deus (o som do trovão) lhe disse: “Jandaia haverá de receber, em breve, aquele que te revelará
os mistérios do amor, aquele que foi feito para os seus braços e só a ele tu
servirás. Tu o verás presente entre o brilho do sol e o vigor dos arbustos”.
Em todas as
manhãs, muito antes do amanhecer, Jandaia subia no pico da colina procurando
entre os pinheiros frondosos e aguardando o nascer do
sol, que também viria para iluminar o bronze de sua pele. Numa brilhante manhã,
quando Jandaia se extasiava de luz, eis que se aproxima um veado com uma flecha
cravada, tombando a seus pés. Surge, em seguida, um caçador, jovem e forte. Ele
se encanta, frente aquela princesa selvagem.
Jandaia
acaricia o veado, depois dirige seu olhar para o moço guerreiro e acena-
lhe
para que se aproxime. Ele deixa o arco e as flechas e acolhe-a nos braços.
Lentamente a mata se alegra. Jandaia se envolve em seus braços; sendo observada
pelo sol.
Este,
enciumado, aquece os lábios vermelhos de Jandaia, a enfeitiça e a seduz, agora
mais que em todas as outras manhãs. Enciumado, a rouba para si. Ela, então,
sente que ama o sol e deve-lhe sua existência.
Tupã
o mensageiro de Deus, (o som do Trovão), tomado de uma grande ira, vendo que
Jandaia pertencia ao sol e não ao guerreiro que enviara, transformou-a numa
cidade. Para que todos pisassem sobre ela e cobrissem de asfalto seus braços
bronzeados.
O
sol, comovido pelo sofrimento de Jandaia, surge todos os dias, com o mesmo
calor de outrora, ilumina a cidade e, como se não bastasse, ordena ao Cruzeiro
do Sul, à noite, para que a vigie. Por isso, Jandaia recebeu mais um nome. Devendo
sempre chamar-se Jandaia do Sul.
Fonte: ficha preenchida por Milton de Martini
Lopes Villar
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